Nasceu indefesa mas ninguém quis dar à ela
O fim que uma cobra merece (segundo caçadores).
Foi crescendo sob a proteção de uma mulher
Amargurada pela vida, traída.
Se tornou bela, grande, saudável.
Nem parecia uma cobra pois mal viveu em seu habitat natural.
Recebia e, retribuia carinhos na mesma proporção.
Graciosa, encantava tantos aos camponeses ignorantes
Quanto aos moderninhos da cidade que queriam exibir tal exótica companhia.
Logo se tornou celebridade por onde passava.
Adorava tanta atenção e, sem que percebessem
Ela ia atraindo todos para sua grande, bela e fatal boca.
Parecia sempre inocente ao receber um olhar qualquer.
Mas, como era cobra, ainda que domesticada
Sua essência pulsou mais forte sem que ela mesma a desejasse.
E, com seu timbre agradável de 19 sinos,
Logo começou a atrair para seu leito suas vítimas.
Homens, mulheres. Um a um foram envenenados.
E, os anos foram passando e, ela perdoava a sí mesma do mal que causava.
Já sozinha, vivia de mil contos fabulosos e suspeitos.
Porém encantadora serpente, salvava sua pele todos os dias com destreza única.
No fundo não se sentia diferente do mundo que a acolhia ou, não acreditava ser cobra.
Num dia acordou e, se deparou com uma bela mulher.
Achou graça mas, quando entendeu ser aquela sua figura no espelho, chorou.
Se sentiu vítima da própria natureza,
Não entendeu porque foi acolhida, amada e, ao mesmo tempo enganada.
Durante tanto tempo sentiu segurança onde não havia,
Não passava de objeto de caça e, seu encanto era o que mais atraía todo
O mal de uma raça, a humana. O que ela se tornou.
E, na terrível constatação, não tinha a quem vingar.
Apenas lamentou inconsolável, não suas vítimas mas, ao roubo de si mesma.
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