Ficava alí ouvindo música,
Fingindo que não percebia o tempo passando
Disfarçando a angústia, e a sensação de não pertencer
Á ninguém, se não à mim mesma, menina mimada.
Não aprendi a esperar desde que entendi
Que toda espera é uma forma de tortura sem precedentes
É o descaso de quem se faz esperar
E se as horas passam, elas dizem mais que palavras.
Ficava alí roendo as unhas,
Desbotando o esmalte e borrando o batom
Sentindo a maquiagem descendo quente pelo rosto
Ficando feia e esperando um milagre que me tirasse dalí.
A espera foi tão longa que cansou toda a beleza
Cansou toda a polidez, cansou o corpo e a razão
A longa espera roubou as grandes esperanças
E com elas, a inocência necessária para esperar outra vez.