terça-feira, 17 de dezembro de 2013

A dama orquídia

Cheirosa puta nua, De movimentos febris e ofegantes, Tão falsos quanto o amor incondicional, Tão condicionada e vasta em seu despespero... Te vestes como uma selvagem domesticada, Falas com a coerência de uma anta em parto, Mas encanta como a bailarina em pleno solo vitalmente ensaiado. O que que te faz assim tão contraditória? As cartas dançam na mesa, Copos trepidam em mãos atrapalhadas pela histeria do amável instante, Esse que morre entre mãos frenéticas que jogam e falam por que ali estão, E não importa o que sai da mão ou da boca se tudo se esvai ao ponteiro do relógio. E tu dama orquídea, De onde tirei este nome para te dar hoje, Foi da tua brancura agressiva ou da minha jocosa audição? Neste mundo pouco importa a procedência do que se tem fácil. Disto apenas sei sem fingir que o sei, E poupo-lhe com palavras sutís de iminente agressivade moral, Que é natural destas horas confusas, Quando te miro nos olhos e me perco na floresta sentimental que te criou, Tão dona do que é selvagem.