segunda-feira, 26 de abril de 2010

Every flower dies.

Todas as flores morrem, meu bem
Assim como morrem nossos princípios
Quando chegamos ao fim do poço
E o encanto se esvai...murcha e cai.

Assim como tu, meu príncipe encantado
Que encantou e morreu no próprio feitiço
Na sua poção que parecia eterna e não durou
À duras penas descobrimos que não passamos de duas farsas.

Duas almas penadas na noite escancarada
Ouvindo as músicas que nos remetem a nossa adolescência
Que inocência! De agora em diante...
Nos toleraremos para evitar o desconforto do ódio.

sábado, 24 de abril de 2010

Olhos verdes

Jurei e não cumprí
Teus belos olhos verdes sempre vencem
Mas beleza e amor não caminham juntos
Então tua beleza vai, e me leva contigo.

Tua beleza, minha perdição
Ela...não morre mais em minhas mãos
Olhos verdes, não te dói e não me dói mais
Somos indiferentes...a tanta gente.

Minha beleza machuca outros olhos
E os seus olhos VERDES estão LÁ, machucando os meus.
Intactos da crueldade que nossa realidade proporciona
E tudo morre entre nossos tempos.

E nunca houve AMOR
Nem meu, nem seu
Que não belas belas mentiras cansadas
Te minto ciúmes, tú me mentes carinho.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Toda beleza

Havia um gosto de orvalho na pele sedosa
Daqueles que viviam intensamente
As músicas, as modas, os beijos
A sensação da descoberta que era única

Saudosos os tempos em que o espelho
Era parcialmente cruel
E o martini tinha a doçura exata de uma época
Essa que o tempo levou embora com toda a beleza que havia

Belos rostos novos em velhas fotografias
De musas à mães gordas e infelizes
De musos à calvos insatisfeitos e brochas
Bela é a juventude, o resto é masoquismo!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Que me quereis, perpétuas saudades?

Que me quereis, perpétuas saudades?
Com que esperança inda me enganais?
Que o tempo que se vai não torna mais,
E se torna, não tornam as idades.

Razão é já, ó anos, que vos vades,
Porque estes tão ligeiros que passais,
Nem todos pera um gosto são iguais,
Nem sempre são conformes as vontades.

Aquilo a que já quis é tão mudado,
Que quase é outra cousa, porque os dias
Têm o primeiro gosto já danado.

Esperanças de novas alegrias
Não mas deixa a Fortuna e o Tempo errado,
Que do contentamento são espias.

(Luís Vaz de Camões)

sexta-feira, 16 de abril de 2010

relicário

de dias em dias a ferida reabre
sempre esteve lá, ela sente
não morre e não se mata
a covardia à mantém viva.

pois que outras forças haveriam
nesta que à anorexia da mágoa se entregou?
vive alí naquela meia-vida
entre os zumbís que insistem em lhe fazer companhia.

cada toque
um fardo pesado que se sente
cada gesto de afeto
a sensação de que lhe fogem as razões para sentir.

domingo, 11 de abril de 2010

Inverno

O frio entra cortante pela janela das memórias
Congela cada momento...
As plantas da esperança de outrora
As folhas de "insights" que dançam sem companhia.

O tempo mudou muito, não foi?
O frio pede companhia, calor...
Logo a árvore da vida se renova
E se prepara para voltar a morrer outra vez, passivamente.

Que palavras amargas restam na boca
Daquele que tanto recitou doces poemas
Que amava a brisa do mar e contemplava cada raio de sol?
Agora apenas na noite fria encontra refúgio.

Que paz contraditória conquistastes!
De gloriosas inverdades te cobre a cada inverno
Não passas mais frio, não passas mais nada
Pois não sentes e já não ves o tempo passar.