sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Time is a serial killer.

O tempo chegou pra mim,
Foi matando aos poucos as primeiras sensações,
Logo cansei.
Matou as grandes alegrias e, me fez esquecer as maiores tristezas.
Precisei de tudo outra vez.



O grande perdão divino está mal aplicado,
Só queria ser poupada pelo TEMPO,
O resto com o tempo se vê.


O tempo não deu tempo pra eu dar tempo à você.
E, nunca chegamos a tempo de salvar
O que estava por morrer.



O tempo mata, alastra, renova, marca, assombra...
Et tout ma joie de vivre va, tout s'en va.
Leo Ferré tinha toda a razão,
O tempo não é irmão, senão madrasta má.



E, somente o tempo destrói tudo,
De bom e de ruim, saudável, doentio, vivo.
A nossa memória se corrompe entre variadas interpretações,
O real e o imaginário ganham novas dimensões.
Agora sei bem do que não sei.

Difícil aceitar o quão ignóbil se pode perante ele,
Quando acreditamos tê-lo ao nosso lado estamos
Perdendo tempo com tamanha vaidade...
E, sua mão pesada vem renovar,
Te trocar por outra novidade.

...time is just a serial killer and he makes me feel so dead.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Imagem

As vezes você parece um herói,
As vezes não passa do mais cruel dos bandidos
E, logo você volta a ser aquele ser insuperável
Que eu gostaria de gritar ao mundo que é só meu.

As vezes você não é só meu,
As vezes jura que além de mim seus olhos não enxergam.
E, eu fico cega a cada novo gesto seu,
Não espero mais nada acontecer e, me contento com cada segundo.

Quando abro os olhos pra realidade,
Só quero sair correndo e, esquecer que um dia te toquei.
Pois, em cada toque seu há severa maldade
Do que você não pode evitar: quem você é.

As vezes, em seus braços, me embalo como criança perdida
E, você parece a minha suprema proteção.
Mas, quando vai embora o vazio que tu deixa é tão assustador
Que não há escuro mais temível que a tua falta.

As vezes acho que não volta mais,
As vezes eu só quero isso aconteça.
Mas, quando em corpo presente te tenho
Meu sorriso involuntário só te garante o que é tão seu,
Mesmo que não mereça.

E, quase sempre a imagem que eu tenho de você
É tão distorcida,
Que eu não sei quantos de você eu conheci
Ou, só te idealizei obedecendo minha obsessão...



*entre idas e vindas ao RJ...

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Não!

Não, não espero de ti qualquer piedade.
Puna-me, julga-me mas, nunca,
Levemente... nunca!
Me despreze sem olhar nos olhos.

Vomite toda sua insatisfação com a minha pessoa,
Eu sei, te mostrei o que não pude "manter" como primeira impressão.

Mas, baby, se tu fôr por mim,
Não vai mais que se perder.
Talvez eu te resgate dessa garantia mediúcre
Que tu faz questão de viver.

E, de falsas garantias vivemos sem questionar,
Pois se vamos ao certo,
Eu não sou pra você
Como o vento sopra pro mar.

A tempestade é iminente,
Nossos continentes guerreiam entre a força e, a certeza.
Não amo a ti mais que a minha natureza.
Pois, de mim falo sem amor,
De ti, somente com o pudor....

De quem não faz questão de conhecer-te,
Pois, o desencanto vem com a realidade.
De ti desejo boas lembranças,
E, em ti pretendo ser saudades.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

São Paulo

Luzes da cidade,
O paraiso é tão distante,
Eu tomo o último trago e,
Talvez algo me "levante".

Eu saio pela noite,
Eu varo a madrugada,
Eu testo minha sorte,
Eu quero tudo ou, nada.

Insônia ganha a noite,
Eu fico acordada.
Problemas na cabeça e,
Algum ódio acumulado.

Eu beijo qualquer boca,
Eu vou pra qualquer lado,
É sempre a mesma merda,
Estou mesmo condenada
A concordar com "quem" eu sou....
Quase estou acostumada.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Rancôr barato.

És tão encantador quanto patético!
Perdão por ferir teu imenso ego,
Uma vez que tanto já destroçastes o meu,
Que agora já nem posso sentir se algo do orgulho de outrora
Ainda resta.
Que de intacto passou a ser mínimos pedaços
Para ser servir de tapete ao seu.

Porém, já com tantos cacos em mãos,
Atiro-os um a um!
A esperar que algum te acerte a face esnobe,
Essa que tanto me teve em completo desprezo,
Sem cuidados ou, honras.
Pois, dei-me conta, funestamente contrariada,
Que as pedras que dóem em mim,
Não ferem você.

Mas, teu encanto também esconde falhas.
E, talvez eu, por finesse ou, pena
Prefiro apenas calar...
Pois, hoy por hoy, já posso sorrir aliviada,
Com a certeza de ti não mais precisar.

As horas

Ela "anestesiada",
Ele à caminho,
Não se parecem,
Não constróem ninho...

Ela escrevendo,
Ele dormindo,
Ela morrendo...
Ele sorrindo.

Na noite passada,
Ela implorava amor.
Na noite seguinte,
Restava mágoa e, rancôr.

Ele escrevendo,
Ela sorrindo (o riso triste do adeus)
Pois vê-la morrendo,
O faz seguir...dormindo.

Meu mundo

Criei um mundo onde eu possa sonhar,
Amigos fiéis e, você pra me amar.

Meu mundo é perfeito e,
Ninguém vai mudar.
Por que eu quis do meu jeito
E é tão fácil sonhar...

E ver que a vida
Não é mais que uma grande ilusão,
E o que é real é o que mora no coração.

Eles me enganam, eu sei
Mas, eu não quero ver
Porque o mundo perfeito
É o que ninguém vê.

O mal.

Eis que de todo o mal
Que me fizestes,
Eu ainda peço mais.

Eis que, de todas as juras,
Por piedade de mim mesma ou, simples desprezo
Eu sempre volto atrás.

E, eis que o vicío de ti,
De mim tomou conta
E, não há mal maior
Já nem luto, pois nem sei quê me afronta....

E, do mesmo mal que me nutre,
Me destrói a cada novo recomeço,
Não voltes mais meu bem,
Em atrasos há juros e, neles o aumento do preço.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

5° andar

Pela sacada de seu quinto andar,
Ela contemplava a rua suja,
Pessoas desprezíveis, bêbados, travestis, prostitutas.
Universitários flertando com o proibido.

Esses logo esquecerão de tudo isso.
Há uma bela carreira à sua espera,
Pais que se sacrificaram para poupá-los da realidade.
Do cru, cinza e fétido da raça humana em seus extremos.

Ela avistava tudo incólume.
Mergulhada na melancolia de suas lembranças,
De como foi chegar até a ali,
Seus altos e baixos de uma vida sem explicação.

Já não sentia mágoa ou, gratidão.
Evitava fazer parte de tudo aquilo,
Preferindo observar e, enquanto via tanto acontecendo
Também via o tempo passar por ela, impune!

Continuava tão bela quanto antes,
Porém, em seu olhar estava todo o peso
Daqueles anos de risos, lágrimas e descobertas
De um mundo novo.
O mundo das grandes festas e, pessoas plásticas.

Do quinto andar pensava se jogar e,
Acabar logo com toda aquela insatisfação
Que sentia ao ir pra cama sempre sozinha.
A opção de quem tanto amou ser amada,
Agora era a solidão, a cama fria.

Envelhecera antes da idade,
Preferia livros a contatos físicos.
Talvez perdera boa parte da vaidade
E, quando sentia saudade
Buscava a companhia de um bom vinho.

Para morrer é preciso coragem e,
Essa mesma qualidade que a acompanhou
Por tanto tempo, agora não passava da mais vil
Covardia.
De quem chora a noite pra encarar mais um dia.