terça-feira, 31 de agosto de 2010

Indiferença

As horas têm passado com tudo em seu lugar.
Com a falta que já não me fazes,
Com as noticias que já não me tocam mais.
Morrem no tempo a dor, as lembranças e o afeto.

Morreram. E desse funeral nem as cinzas ficaram.
É tão irônico como tudo desaparece deixando vestígios eternos.
Em outras galáxias, em outros vícios, em outras “mãos”...
O tempo lava tudo. A alma suja “del ayer”...

Me assaltam as lembranças....
Quantas vezes cometi o mesmo crime em nome de um sonho,
Que não passou de sonho?
E, ao acordar...aqui estamos em tão poucas peças, você e eu e mais NADA.

We are travellers, baby, on the road.
Nosso passado é tão irrelevante quanto a marca de cigarro que fumamos hoje.
Não fui clara. Eu não fumo. Eu tenho um coelho. Eu....esquece.
Então fica assim...amanhã só depois.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

De cama.

Segunda-feira e eu nunca formamos um belo par.
Eu cobro dela um dia sério e produtivo,
E ela cobra do meu corpo "all the weekend games".
Nossa relação tem se tornado um fardo pra mim.

Meu corpo aqui, de cama "is burning in hell".
Como se eu devesse me culpar por cada risada que dei,
Cada lugar que frequentei,
Cada copo que não recusei.

Cada movimento, um novo arrependimento.
Cada vez que o telefone toca,
Amaldiçôo Alexander Graham Bell mil vezes.
E, tudo dói...menos a consciência, essa devassa!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Ellerin ellerime

Nas mãos dela haviam tantos segredos,
Fechados com força,
Protegidos por tantos outros medos,
Não abria e nem estendia à ninguém.

E numa noite qualquer foi assaltada pelo desejo
De libertar-se de tudo que havia guardado,
Pois o peso agora lhe incomodava,
E não lhe permitia tocar outras mãos.

Algo tão natural no mundo dos normais,
Acreditava ela.
Mas à muito já havia perdido o fio da meada,
Ser normal era segredar qualquer descontrole.

Você se olha num espelho e se acredita
Imune ao tempo, aos julgamentos.
Mas quando abre as mãos sujas de particularidades,
Descobrirás que outras te saudarão em partida.


*ellerin ellerime (do turco "em tuas mãos")

sábado, 7 de agosto de 2010

Every little piece of pain

Lembro-me do dia nascendo cinza,
Das cores que eu não via mais,
Dos rostos sem expressão que me cumprimentavam,
Das árvores com tantas folhas secas.

Não era culpa da estação,
Não era culpa de nada e ninguém.
O dia não queria clarear
E eu não queria pular da janela.

Ambos ficamos alí, impassíveis, frágeis
O dia amanhacia sem cor, sem dor.
Amortecidos por tanto do que foi a noite,
Éramos vampiros pretendendo a mortalidade.

Alguém se despediu e desapareceu pra sempre,
Outros ficaram reunindo os restos do próprio desespero.
O dia amanhecia sem vida, cor, afeto, consideração.
E morria entre nós, sem despertar mais nada.

Em outros tempos éramos tão diferentes,
Não havia perigo nessas brincadeiras exageradas.
Mas o preço foi ficando mais caro a cada madrugada,
Amanheceu cinza e deixei uma música no "repeat"

Falou tanto de tantas coisas, que só naquela hora
Fizeram todo o sentido que a vida inteira não teve.
Assim, o dia cinza despertou em mim o pior dos desejos:
De ser eu mesma, doesse a quem pudesse doer...

Doeu em ti, não foi 'my darlig'?
Porque, por deveras razões já calamos tanto do que há em nós,
Que ao final deixamos de ser quem somos em nomes de outros mais.
E no final, amanhece cinza...sempre tão cinza.

*and we always live with every little piece of pain inside us.