terça-feira, 30 de novembro de 2010

Paralelo 1º

Já não sentia amor ou mágoa,
Passou a morar num plano paralelo.
Se via presente,
Mas ali não estava.

Cansou de agir ou reagir.
Não tinha esperanças,
Tampouco sede de vingança.
Se sentia invisível, surreal.

Nada lhe tocava,
Nada lhe chocava.
Não tinha perguntas
E não queria respostas.

Estava em estado alfa,
Estava quase bem.
E finalmente,
Mas, F-I-N-A-L-M-E-N-T-E...enlouqueceu.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Por Pablo Neruda

"Ya no se encantarán mis ojos en tus ojos,
ya no se endulzará junto a ti mi dolor.

Pero hacia donde vaya llevaré tu mirada
y hacia donde camines llevarás mi dolor.

Fui tuyo, fuiste mía. Qué más? Juntos hicimos
un recodo en la ruta donde el amor pasó.

Fui tuyo, fuiste mía. Tu serás del que te ame,
del que corte en tu huerto lo que he sembrado yo.

Yo me voy. Estoy triste: pero siempre estoy triste.
Vengo desde tus brazos. No sé hacia dónde voy.

...Desde tu corazón me dice adiós un niño.
Y yo le digo adiós".

domingo, 28 de novembro de 2010

Ontem

Ontem acordei super-populada por dentro
Uma multidão de cores e sons,
Que me confundiam a cada meio segundo,
Me diziam que eu ainda tinha muito a dizer.

Eu tinha tudo fora do lugar,
E precisava organizar cada pedaço de mim.
Tinha desculpas a pedir,
Tantos erros por acertar.

Ontem eu tinha tudo por dizer
Mas hoje não tenho absolutamente nada.
É como se a noite esclarecesse por nós
Cada assunto que ainda soava como tabu.

É como se o silêncio explicasse as coisas
Que ouvindo, sou incapaz de compreender.
Ontem eu me culpei, senti frio e medo
Me senti só e não dormi.

Hoje compreendi que o ontem morreu
Numa mensagem subliminar.
E eu não sentia tanto assim,
Mas a culpa...a culpa confunde tanto em 24 horas.

sábado, 27 de novembro de 2010

Plumas

Diante dos meus olhos
O leque da vida se abre,
Não sei o que escolher
E logo sou hipnotizada pelo teu sorriso.

Sem planos ou descrenças,
Em ti me adormeço.
Acordo num banquete de frutos silvestres
E sinto o sabor de cada mordida.

Adornada por alvas plumas
Em seu leito me entrego.
Vai, leve em tuas mãos
Tudo que até aqui me pertenceu (minh'alma).

Me ensinastes sobre a vida,
Sobre orgasmos e mentiras.
Ciúme, posse e essência humana,
E como frágeis plumas que o vento leva, assim nos perdemos em opostas direções.

*I pretend I trust your lies, you pretend they are trustable to me...and then we are happy.

domingo, 21 de novembro de 2010

Veneno.

Foi para aliviar a dor
Que mais dor fiz-me sentir,
Foi para deixar de sangrar tanto no mesmo lugar
Que outros cortes abri.

Foi para deixar de sentir cada agulhada
Que transformei-me em boneca voodoo.
E foi para deixar de querer-te que te quis tanto.
Como ves, teu veneno foi também meu antídoto.

sábado, 20 de novembro de 2010

Anestesia

Penso agora eu que não pensei,
Com que habilidade irei lidar
Com as coisas que nunca dominei tão bem?
O mal nescessário de uma despedida inevitável.

Penso agora que nunca pensei,
Na importância de cada momento que agora congela
No tempo, e queima dentro de mim.
E quais velhos consolos voltarão a fazer parte de uma nova dor?

Penso agora que nunca mudei.
Mas, talvez eu goste disso, inconscientemente.
Com que habilidade poderei representar um personagem
Que nunca me agradou?

Penso que já não quero pensar mais.
Pois tudo morre num espaço de poucas e pesadas palavras,
Eternizadas por bocas que já foram tão unidas.
Inconsequentes somos ao unir diferenças tão fatais.

Penso que pensar rouba o tempo que temos pra viver.
Então deixemos para trás as culpas e seus culpados,
Pois o ontem não melhora o hoje,
E amanhã contemplaremos, velhos, a estante das memórias sem saudosismo.