sábado, 20 de novembro de 2010

Anestesia

Penso agora eu que não pensei,
Com que habilidade irei lidar
Com as coisas que nunca dominei tão bem?
O mal nescessário de uma despedida inevitável.

Penso agora que nunca pensei,
Na importância de cada momento que agora congela
No tempo, e queima dentro de mim.
E quais velhos consolos voltarão a fazer parte de uma nova dor?

Penso agora que nunca mudei.
Mas, talvez eu goste disso, inconscientemente.
Com que habilidade poderei representar um personagem
Que nunca me agradou?

Penso que já não quero pensar mais.
Pois tudo morre num espaço de poucas e pesadas palavras,
Eternizadas por bocas que já foram tão unidas.
Inconsequentes somos ao unir diferenças tão fatais.

Penso que pensar rouba o tempo que temos pra viver.
Então deixemos para trás as culpas e seus culpados,
Pois o ontem não melhora o hoje,
E amanhã contemplaremos, velhos, a estante das memórias sem saudosismo.