quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Nuances de uma vida moderna.

Você se esforça para ninguém te perceba tão pretensioso,
E essa pretensão te consome a criatividade, a naturalidade
Que precisa para atuar melhor.
E logo te sobra o pânico, ele mesmo!

A tua pretensão foi desmascarada,
Todos eles sabem, especialmente quem nunca poderia ver.
Agora você sai correndo para o seu esconderijo imaginário,
E a imaginação, essa víbora de tantos dedos duros e olhos risonhos

Já não te oferece proteção alguma, você está nu!
Pessoas te observam, riem, julgam, cospem nessa cara descarada.
Você morre fétido, gelado, despretensiosamente esquecido, e assim ACORDA!
Está vivo, e no espelho ainda é você,

Mesmo que isso já não faça sentido algum,
Ainda é VOCÊ.
(...e poderia ser pior?)

domingo, 24 de julho de 2011

Novos tempos

Lá se vai a história que ninguém soube contar
Fica para trás a pureza dos primeiros suspiros de esperança
No lugar, um suspiro de alívio.
Agora posso errar e acertar, começar e me destruir outra vez.

A pena de si mesmo é um sentimento nobre para os covardes,
E desse gosto, talvez, eu não esqueça jamais.
Agora eu deixo para trás uma vida de suposições e suspeitas,
Também deixo as armas que não preciso mais.

Matem-se! Está tudo aí.
O material, os covardes, os sonhadores e os usurpadores.
A miséria faz seus seguidores
Mas não tolera amadores.

Pra que tanta pose forjada de controle,
Se a raiva é o único sentimento puro que há na terra?
O contrário da raiva não é amor, é a dúvida.
Por que não foge comigo agora?
Amanheceu.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Insônia

Observo um mundo do lado de fora
E tudo está sempre ao longe, eu não ligo
É uma ilusão pela metade
Basicamente partes do que fui e vivem jogadas por aí

E tudo que tenho a oferecer é meu meio-amor
Meio encantamento com o que não me toca
A preguiça de fingir que não a tenho
Quando o que mais tenho me vem pela metade (ansiedade de ser leve).

Metade eu ofereço meio sem vontade
Outra metade eu imploro (com preguiça, sempre)
Quando deito já não durmo e quando durmo já não sonho
E quando sonho não é mais sonho.

Meu corpo está onde não me vejo presente,
As vozes do meu lado, as risadas, as esperanças
Tudo me é indiferente como o aniversário que faltei
É tudo passado e futuro num presente que não vivo.

Vai, tome minha mão e leve contigo alguma lembrança
Aliás, levem-as todas, uma a uma!
Não as quero mais
Não quero nada do que queiras pois querer me é demais.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Apocalipse

Você sabe quando algo morre,
Invariavelmente sabe e também morre.
Sente as forças de outrora te abandonando,
As certezas de outrora...

E essa morte travestida de solução,
De afeto penoso
De paz que precede a guerra
Ela te pega na curva da dúvida e te mata.

Você sente a angústia que precede a morte
O sorriso some da cara,
O coração acelera,
O desespero toma conta.

Perder...você vai perdendo e quer de volta.
A ausência é tão inaceitável!
Mas por que parece que assim é melhor?
Você sente quando algo morre...

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Peixes

Peguei-me olhando pela janela
Identificando cada peixe nesse aquário urbano
Que histórias vêm com eles
E em que águas nadaram até chegar aqui

Vivemos todos presos num aquário
E somos todos peixes
Mais belos, mais extravagantes, mais lisos, mais venenosos
Somos todos peixes

Peguei-me vigiando vidas que não me pertenciam
E concluí que pouco ou nada me pertenceu de fato
E foi-me mais fácil assistir à sofrer a fadiga de pertencer
Eu prefiro assistir

Assim vejo-me em meu aquário de água salgada
Á admirar aquele que mora num aquário de água doce
E me faz acreditar, de tempos em tempos
Que nossos aquários poderiam ser um só

E somos todos peixes
Eu vejo tudo aqui dessa janela do décimo andar
Alguns pertencem ao mesmo aquário e outros ao mar
Eu sou o salmão...o salmão, o eterno salmão.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Concreto

Acabou, é fato.
Mas ninguém quer dar a notícia
Que maldita delicadeza é essa que arranha tanto por dentro?

É concreto.
Mas que falsa educação é essa que nos mantém
Olhando o que já nem tem cor?

E esse silêncio...
Uma verdade opressiva que nos mantén tão sutilmente falsos
Que droga de amor é esse que não vive e nem morre?

sábado, 23 de abril de 2011

Não se esqueça de mim

Baby, não se esqueça de mim,
Embora eu me esqueça de ligar (talvez nem queira)
Ou te deixe esperando um sinal qualquer
Embora eu desapareça, não se esqueça de mim

Talvez eu deixe de te dar a atenção de outrora
Em nada diminuiu meu amor (mas a paciência...)
Não se esqueça de mim, baby
Porque eu nunca esqueço de ti

Eu lembro de ti ao acordar,
Na hora do banho (com mais afinco)
Lembro de ti na padaria
Na esbórnia e na putaria

Por isso baby, não me esqueça jamais
Não esqueça daqueles apelidinhos que costumo te chamar
Embora eles caibam tão bem à outros nomes também
Mas é em ti que ficam mais bonitos

Não se esqueça de mim
Porque eu nunca me esqueço de ti
Na verdade do meu silêncio
E nas mentiras da minha cama

Baby, não se esqueça que eu nunca te esqueci.

Abril

Não faz frio nem calor
Também não faz canção, viagem ou mudanças
Não se faz do quase meio ano um ano inteiro
Não se faz do nada um nada inteiro

Nada muda ao passo de mudanças programadas
Nada muda, nada mudou
Nada e ninguém
Ninguém sou eu e você fazendo planos para nada

Conte comigo os trezentos e sessenta e cinco e dias e mais acréscimos
Conte-me o que mudou e a parte que perdi
Pois se eu mesma tento te explicar, me soa complexo
Eu nunca sei mais de ti do que de mim, e vice-versa

Quero rimar abril com febril
Mas o coração é vil e não sentiu
Que pouco a pouco a febre da paixão sumiu
E cá estamos nós em outro abril...

sábado, 16 de abril de 2011

Paranóia

Chega desse mundo vil, dessa gente fraca e seus medos!
Chega de seus complexados e suas cirurgias plásticas,
De seus casados e suas falsas promessas de eternidades
... igualmente plásticas!

Chega de felicidades programadas para amanhã e depois,
Tudo isso me dá preguiça,
Mas quando posso variar a sensação,
Prefiro a náusea (ela é conceitual).

Chega de ver-me vítima das fatalidades que não me pertencem,
Do Haiti, do Japão, Da Ilha Bela
Bela sou eu quando acordo de ressaca!
O resto é mentira e dou pouca fé!


Liberdade é simplesmente um sonho distante, tudo é dois.
Duas cabeças, duas sentenças, duas opiniões, dois tédios, dois desastres em um só plano!
Aiiiiiiii!!!!
Nada como dividir essa vida em DOIS!

Sobre homens, camelos e desertos

O sol é escaldante, mas o camelo segue seu destino
Que fora decidido pelo homem que deve atravessar o deserto
O homem precisa do camelo
Assim como o camelo precisa de mais água.

A areia lhe violenta a pele
Mas o homem mal percebe perdido em seus devaneios de viajante
Precisa atravessar o deserto
Por isso montou aquele camelo.

O animal tem a força que lhe faltaria para tamanha mudança
Que é atravessar de um lado ao outro um imenso deserto
A viagem é longa e o objetivo se torna uma miragem
O homem se vê cansado e o camelo segue.

O homem e o animal atravessam o mesmo deserto
Mas entre eles reina o absoluto silêncio
Tudo em volta é deserto sem fim nem começo
Não resta dúvida: é preciso seguir em frente.

Montado ao lombo do camelo
O homem acredita ser capaz de cumprir a longa jornada
Por isso se beneficia da brutalidade do animal
Este, atende ao desejo do homem, domado.

O homem vai atravessando o deserto
Encima de um camelo que não questiona seus desejos
Mas o deserto atravessa o homem, invariavelmente o vence
Enquanto o camelo, esse já nasceu com deserto dentro dele.

Empty box

You say you miss, but you don't
And you say you need me,
But you need to change your life,
So I could be part of your changes.

I live inside of your dreams,
And your head is higher than you can touch.
Then you have your hands empty but not clean,
I just have an empty box.

I think we've been too drunk in the past few centuries
But what else could we do?
We dream about dreams but...
This real world will tear us apart.

Le voyage

Faltam as palavras que nem cabem aqui,
Mas veja bem, elas já nem servem mais.
Não serve quase nada do que servia...

Perdemos nossas medidas.
Mas eu não me sinto perdida,
Não mais, apenas não caibo no "nosso" espaço.

Eu cresci.
Agora preciso desse espaço vazio só pra mim.
E você sempre deixou ele tão bem decorado...

Você criou esse espaço pra me abrigar.
Quanta doçura!
Pode ir agora, eu estou segura em minha cova.

Mortal

Disfarsas com tão belas palavras o dano causado
Que por meio segundo senti-me segura
No calor dos abraços que nunca chegaram.

Uma mulher perde a beleza quando veste o rancôr,
Assim ouvi quando ainda não conhecia os homens,
E agora vejo-me vestindo-os tão confortavelmente.

Ontem as risadas embriagadas de sonhos,
Hoje a ressaca da covardia que não poupa a melhor das intensões.
And "after every party I die".

Uma mulher é metade mulher quando se vê completa no amor.
Um homem é aquele espaço vazio no jogo da velha.
E que venham as rugas! Sou tão mortal.

sábado, 9 de abril de 2011

Como partir.

Parti-o em mil padaços com minha partida.
Parti a tantos que meus pedaços também foram dividos por aí.
Entre múmias e zumbis,
Todos ficaram com um pedaço partido de mim.

Que saudável viver aos pedaços!
Só agora me sinto parte desse mundo,
Pois todos perdemos partes onde procuramos nossos pedaços,
E todos encontramos partes alheias onde também estão as nossas.

Agora proponho uma aliança sagrada com promessa de união.
E nunca mais viveremos partidos assim,
Pois seremos um só....seremos o que nunca fomos,
Pois, eu não aguento mais viver à minha procura.

In bianco

É tarde, embora pareça tão cedo.
Todos estão se despedindo em algum lugar,
Vão dormr, vão á outros lugares, voltam...
Todos se despedem em algum lugar.

Que páginas completar agora?
Dentro de mim há um espaço em branco
Embora eu me sinto tão negra,
Uma viúva de um conto fantástico.

Me atormenta a idéia daqueles beijos plásticos.
Me atormenta meu próprio silêncio.
In bianco, tantas páginas...
I feel so black.

Agora é tarde de uma tardeza retardada,
De planos retardados (am I retarded?).
Em quase todos os lugares há despedidas,
Eu poderia sair agora, mas já estou atrasada.

Eu levaria muito tempo pra baixar à terra,
Pôr, finalmente, meus pés no chão.
Eu não sou real e o que sinto não tem dimensão.
Por isso fica esse espaço em branco, e eu atrasada.

terça-feira, 29 de março de 2011

Canção do tempo

Ontem eras apenas uma criança
E hoje já não reconheces a violência em seu coração
Não percebestes a tempo tantas mudanças
O que faz de ti homem também te transforma em animal.

Lembra-te da menina gordinha e insignificante da escola?
Ela recebeu o Nobel da ciência
E você ria dela...
Todos riram enquanto ela estudava.

Ela também riu... Tempos depois.
Mesmo sem saber que o galã estudantil hoje não passa de um pedreiro, alcoólatra.
E ele também riu dela.
Que pouco romântico é o tempo!

Ontem tudo parecia tão certo que o hoje não parece real.
As filas, as contas, as doenças, os medos modernos, os corações partidos.
Os partidos corruptos!
Hoje estamos partidos em tantos pedaços...

Tens em frente ao espelho um rosto cansado,
O tempo te causou tantas linhas de expressão,
Mas você já não tem expressão alguma.
Teu rosto parece estar cansado de ser rosto, de ser seu, do próprio cansaço!

E as belezas que te satisfazem hoje
São belezas maliciosas.
Sem beijos demorados, apenas carícias e um final.
Dispensas o afeto, pois lhe falta o tempo para amar.

E em ti ainda há tanto por ser vivido,
Que por um pequeno espaço de tempo te julguei eterno.
Mas eterno mesmo é só o tempo.
E nós apenas passamos por ele enquanto ele nos passa para trás.

Assim vai o tempo cantando sua canção de glórias
De fobias, de sonhos, de magnitudes e desenganos!
E já fartos disso, ainda sonhamos em ter tempo suficiente
Para deixar alguém com o que restou dos nossos sonhos incompletos.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Muito tempo

Por muito tempo provei das tuas inseguranças,
E elas fizeram de mim uma metade insegura.
Depositei esperanças nas tuas esperanças.
Então você mudou de idéia e eu me perdi.

Por muito tempo provei da tua covardia,
E agora me vejo covarde e fraca.
Saboreando o amargo das tuas indecisões,
Possuída pelos teus demônios internos.

Por muito tempo vim exercitando uma falsa paz,
Que mais me atormenta a cada dia.
E sinto que o Apocalipse se aproxima,
E nossa cápsula de proteção ainda está no projeto.

Por muito tempo estive aqui.
Sempre aqui e você lá. Aqui e lá.
E foi tanto tempo que tudo envelheceu.
O verde das paisagens, o sorriso perolado, o coração vermelho...

Agora tudo é marrom.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Aquele que fere a fera.

Hoje é um daqueles dias em que dormir cada vez mais ainda não é suficiente.
Não, não fui vítima de sorte alguma de acontecimentos contra minha vontade.
Ao contrário, é o poder ferir que me fere hoje.
Por tantas vezes me senti traída, usada, abandonada.

Essa sensação de auto-flagelo misturado à pena de mim mesma
Sempre me soou tão confortável que mal mesmo era sair disso.
Mas, ferir-te dói mais.
Dói-me a dor estampada em tão puros olhos verde-água.

Corrói-me como ácido a dor silenciosa e honesta que leva meu nome,
As lembranças boas que agora machucam,
Elas levam o meu cheiro, minhas gargalhadas, meus passos.
E não há pra onde fugir, pois sabe-se: aqui é meu lar.

Descbri em mim alguém que sente pena!
Por onde andava essa alma que tanto já me fez falta?
Descobri em mim algum resquício de pureza.
Mas hoje sou parte de algumas marcas de crescimento em ti.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Desamor

Eu te amo pelas conveniências de ser amada,
Pelo cansaço que outrora foi paixão.
Amo o amor que sentes por mim,
Porque sabes amar por dois.

Dói-me a falta que não sinto,
A importância que não importa a ninguém.
É como uma subida pela queda,
Uma noite de verão sem luar.

Falta-me o drama que dá algum sentido
Á essa tristeza sem fundo,
Á esse martírio sem causa nobre.
Ou o que me falta será apenas nobreza?

Ferir-te é tão fácil quanto ferir a mim.
Mas só eu percebo esse efeito dominó,
E me fere não poder ferir aquele que me fere mais.
E quem fere a fera que me fere?

Então me tens pra ti,
E temos um ao outro onde não há mais ninguém.
E agora te amo como nunca te amei,
Por que eu nunca te amei.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Carta aos meus inquisidores sociais

Deixe-me ser louca!
Pois minha loucura nada deve
A tua lucidez.

Deixe-me em paz com meu inferno,
Eu lido bem com aquelas sensações
Que jamais saberei lidar.
E teu auto-controle forjado nunca me convenceu de cura alguma!

Deixe-me só, mesmo que eu implore por companhia,
Saiba, é nessa hora que mais preciso de solidão.
Pois sem minhas pedras jamais construiria meu castelo IMORAL
Que me distancia da tua favela moral.

Deixe-me morrer afogada em meu pranto.
No entanto, morrerei vazia e verdadeira.
Mas, especialmente VAZIA desse afeto ensaiado
Que tanto me atormentou a consciência por retribuir-vos.

*De mim mesma basta eu!