terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Ausente.

Hoje acordei com a saudade que
Já não sinto mais,
Dos planos que não tenho mais,
Dos lugares que não freqüento mais.

E olhei pro meu eu distante,
Aquela que também já não estava mais ali.
E me perturbou a indelicadeza com que saí de mim,
Sem me despedir.

Não foi assim que me educaram!
Lembro-me bem dos antigos cuidados,
Aqueles que também não tenho mais.
E a saudade que já não sinto mais, nunca doeu tanto quanto hoje.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Sangue

Sangue do meu sangue!
Se preciso fosse te daria meu sangue,
Se possível fosse, beberias o meu.
E não faríamos cerimônias.

Por vezes me perguntei quanto do teu sangue
Corre minhas veias.
Por vezes me perguntei quanto suguei do teu sangue
Cada vez que sorrí.

Talvez já tenhamos sangrado todo nosso veneno,
Mas em que veias corre o sangue puro agora?
Não me aponte teu dedo sujo do meu sangue!

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Crenças

Dentre tantas crenças mortais,
Dentre tantas pessoas irreais,
Eis que aqui me surgem teus belos olhos verdes fumegantes,
E de tanto que fugi que acabei atada a ti.

E separados não sabemos de amanhã,
E juntos não sabemos de mais nada.
Então nossas crenças já não importam mais,
Nós, ateus e racionais, nós somos iguais.

E em ti encontro meu Eu perdido no tempo,
Nos anos que nos diferenciam no espaço dos tempos.
No que fui, no que sei que será um dia.
E só o AGORA existe, e nisso temos fé.

Quanto mais te tenho mais eu gosto de mim,
Quanto mais te ouço, mais me ecoam as memórias.
Mas seria demais acreditar em coisas que desacredito,
Demais admitir que nossas diferenças são iguais.

Em ti me vejo, me ouço e me atordôo,
Em ti me puno e depois me perdôo.
Dentre tantas crenças às quais nos perdemos todos os dias,
Por que não perder a sensatez de viver hoje o que não sabemos de amanhã?

*Bienvenu au monde, mon petit prince.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Les criminals

Por trás da névoa incerta de cada noite
Quando o mal se veste de bem
E o bem se rende ao mal,
Nossas intenções se confundem.

Por trás de cada copo que esvaziamos,
Um mundo se abre perante nós.
Quem fostes até ontem com tanta convicção
Hoje, essa certeza, já não te pertence mais.

Então unimos nossos personagens
Numa excitante atuação que termina num duelo real.
E amanhece, e a luz do dia cai sobre nossas cabeças
Iluminando a face dos amantes infiéis.

Eu te estranho, tu me me estranhas,
Mas ainda estamos aqui pretendendo qualquer forma de afeto...
Porque somos fracos de espírito,
Porque tememos a solidão como crianças perdidas.


Eu te engano, e tu me enganas.
Assim transformamos diferenças em falsas esperanças,
Como se esse mundo marginal arcasse com nossas contas,
Agora já não devemos nada à ninguém.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Compaixão

Estendes a tua mão até minha face,
Enxuga-me, e afaga-me
Com tua infinita compaixão,
Meu rosto que agora se desfigura perante cada palavra tua.

E agora, aos solavancos psíquicos,
Me perco entre o ontem e o nunca mais.
Aceito agora que já não fazes parte de mim,
Aceito o medo de perder-te como fato concreto.

Em teus fortes abraços sinto que jamais voltarás,
E talvez nunca fostes,
Na plenitude tão meu quanto eu fui tua.
Em teus braços meu desespero é maior que a razão.

E já te vais,
Eu enlouqueço serenamente...
Enquanto dizes que me quer bem,
Eu te digo para que vivas tua verdade.

Téns meu rosto quente em tuas mãos frias,
Mencionas minha beleza (com honras),
Defendes que o nosso tempo (que agora desprezas),
Foi belo, necessário, e foi também real.

E eu te pergunto:
Em qual verdade fomos capazes de viver?
Toma-me em teus braços e confessas outra paixão,
Beija meus cabelos e estendes tua mão sobre a minha.

Minha mente já cansada
Se vê remetida aos dias que pareciam incontáveis.
Se sabes dos infernos que existem dentro de cada um de nós,
Então, o que pretendes com tua compaixão?

Deixe-me só.

Cartas rasgadas

Espero que estejas mesmo feliz,
Depois da veemência com que proclamastes nosso fim.
Que em nenhum momento te deixes abater pela dúvida
Do que parece certo aos olhos, e mentes ao coração.

Espero que estejas feliz,
Tão oposto do que estou hoje.
E que tuas palavras de consolo sejam friamente reais
Quando me desejastes a felicidade longe dos teus olhos.

Que sejas infinitamente feliz
Na tua certeza de trocar meu coração doentio
Pela doçura daquele incapaz de ferir-te,
Incapaz de escravizar-te por inseguranças que não sabes domar.

Pois a mim nada mais resta
Que não desejar-te o bem,
A fortuna e o milagre da vida,
A fé que nunca fui capaz de ter, mas tens de sobra.

Que nossos caminhos, agora separados
Cada vez mais distantes se façam.
Para que eu encontre em outros mundos
A distração, quase inocente, que um dia me aprisionou ao teu.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Paralelo 1º

Já não sentia amor ou mágoa,
Passou a morar num plano paralelo.
Se via presente,
Mas ali não estava.

Cansou de agir ou reagir.
Não tinha esperanças,
Tampouco sede de vingança.
Se sentia invisível, surreal.

Nada lhe tocava,
Nada lhe chocava.
Não tinha perguntas
E não queria respostas.

Estava em estado alfa,
Estava quase bem.
E finalmente,
Mas, F-I-N-A-L-M-E-N-T-E...enlouqueceu.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Por Pablo Neruda

"Ya no se encantarán mis ojos en tus ojos,
ya no se endulzará junto a ti mi dolor.

Pero hacia donde vaya llevaré tu mirada
y hacia donde camines llevarás mi dolor.

Fui tuyo, fuiste mía. Qué más? Juntos hicimos
un recodo en la ruta donde el amor pasó.

Fui tuyo, fuiste mía. Tu serás del que te ame,
del que corte en tu huerto lo que he sembrado yo.

Yo me voy. Estoy triste: pero siempre estoy triste.
Vengo desde tus brazos. No sé hacia dónde voy.

...Desde tu corazón me dice adiós un niño.
Y yo le digo adiós".

domingo, 28 de novembro de 2010

Ontem

Ontem acordei super-populada por dentro
Uma multidão de cores e sons,
Que me confundiam a cada meio segundo,
Me diziam que eu ainda tinha muito a dizer.

Eu tinha tudo fora do lugar,
E precisava organizar cada pedaço de mim.
Tinha desculpas a pedir,
Tantos erros por acertar.

Ontem eu tinha tudo por dizer
Mas hoje não tenho absolutamente nada.
É como se a noite esclarecesse por nós
Cada assunto que ainda soava como tabu.

É como se o silêncio explicasse as coisas
Que ouvindo, sou incapaz de compreender.
Ontem eu me culpei, senti frio e medo
Me senti só e não dormi.

Hoje compreendi que o ontem morreu
Numa mensagem subliminar.
E eu não sentia tanto assim,
Mas a culpa...a culpa confunde tanto em 24 horas.

sábado, 27 de novembro de 2010

Plumas

Diante dos meus olhos
O leque da vida se abre,
Não sei o que escolher
E logo sou hipnotizada pelo teu sorriso.

Sem planos ou descrenças,
Em ti me adormeço.
Acordo num banquete de frutos silvestres
E sinto o sabor de cada mordida.

Adornada por alvas plumas
Em seu leito me entrego.
Vai, leve em tuas mãos
Tudo que até aqui me pertenceu (minh'alma).

Me ensinastes sobre a vida,
Sobre orgasmos e mentiras.
Ciúme, posse e essência humana,
E como frágeis plumas que o vento leva, assim nos perdemos em opostas direções.

*I pretend I trust your lies, you pretend they are trustable to me...and then we are happy.

domingo, 21 de novembro de 2010

Veneno.

Foi para aliviar a dor
Que mais dor fiz-me sentir,
Foi para deixar de sangrar tanto no mesmo lugar
Que outros cortes abri.

Foi para deixar de sentir cada agulhada
Que transformei-me em boneca voodoo.
E foi para deixar de querer-te que te quis tanto.
Como ves, teu veneno foi também meu antídoto.

sábado, 20 de novembro de 2010

Anestesia

Penso agora eu que não pensei,
Com que habilidade irei lidar
Com as coisas que nunca dominei tão bem?
O mal nescessário de uma despedida inevitável.

Penso agora que nunca pensei,
Na importância de cada momento que agora congela
No tempo, e queima dentro de mim.
E quais velhos consolos voltarão a fazer parte de uma nova dor?

Penso agora que nunca mudei.
Mas, talvez eu goste disso, inconscientemente.
Com que habilidade poderei representar um personagem
Que nunca me agradou?

Penso que já não quero pensar mais.
Pois tudo morre num espaço de poucas e pesadas palavras,
Eternizadas por bocas que já foram tão unidas.
Inconsequentes somos ao unir diferenças tão fatais.

Penso que pensar rouba o tempo que temos pra viver.
Então deixemos para trás as culpas e seus culpados,
Pois o ontem não melhora o hoje,
E amanhã contemplaremos, velhos, a estante das memórias sem saudosismo.

domingo, 31 de outubro de 2010

Manipulações (Die baby, kill me)

Morra, mas não me mate assim,
Sem cordialidades, flores e afins.
Morra, mas não me mate assim!
Sem "eles" nem "elas", começos de tantos fins.

Morra você.
Mas não me mate a mim!
Pecando na ortografia,
Exacerbando o pouco que resta da paz, pura e nua, frágil (...)

Mate-me todos os dias!
Sem remorsos ou loucuras de quaisquer cura,
Sem ditongos, provérbios ou adjetivos que só cabem a mim.
Mate-me lentamente...

Pois dia-a-dia é isso que me faz viver mais.
A tua incapacidade de exterminar-me por completo
Faz de ti a parte que assiste à um teatro "grego"
Sem entender...sem entender-me.

domingo, 3 de outubro de 2010

Montanhas de cristal

Diferenças são iguais,
Cedo, tarde ou nunca mais.
Você vê meus defeitos sinceros,
Eu observo teus erros banais.

Brigamos sob o mesmo céu,
Defendendo direitos iguais.
Acreditamos em individualidades
Que denunciam nossas carências fatais.

Somos feitos de água e medo,
E o segredo guardamos num diário aberto.
Tão certo, somos montanhas de cristal
Com um vulcão sentimental sempre prestes a explodir.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Profugos

Te quiero tanto,
Pero cuando abres la boca
Es a mi que dejo de querer.

Es como todo no?
Uno nunca sabe que hacer con los cambios,
Uno se siente desierto.

Tu voz, mi piel y los peligros acerca de nosotros,
Y esta depresión que nos hace compania,
Tuya y a veces mia...tan dueña de nuestro ayer.

Y con los dias se mueren ciertos encantamientos,
Mientras otros más me ciegan de la realidad.
No sé que hacer porque sé exactamente lo que tengo que hacer.

Así seguimos,
Y así morimos en el silencio peligroso
De las palabras dejadas al tiempo salvaje que nos hacen animales domesticados.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A garota vulnerável

Ela esteve a sempre a procura,
Nem sabia exatamente de que,
Mas nunca parou pra perguntar a si mesma
O que tanto lhe fazia falta.

Queria ele, e ao lado dele queria o outro.
E tudo se complicava cada vez mais,
Pois uma vez ao lado do outro
Preferia sofrer por quem deixou pra trás.

Assim encontrava o sofrimento necessário
Para transformar sua vida numa verdadeira obra da sétima arte.
Conseguia reunir todos os clichês do amor platônico,
A dor causada por todas as vezes que se fazia abandonar.

Uma vida boêmia acrescida de péssima fama,
Alguma depressão pra dar um charme a sua vida deveras divertida.
Também alguma culpa vaga
Que servisse pra resistir a tentação de acordar em tantas camas, sorrindo.

Um dia ela cansou de ser ela mesma e fugiu,
Em outro país levou uma vida absolutamente oposta,
Amou, foi feliz, cuidou de um jardim e planejou uma família.
Logo desapareceu, obedecendo a sua vulnerabilidade.

Poderia uma essência ser vulnerável?
Ou essência é aquilo que nasce conosco e morre na mesma proposta.
Ela passou a duvidar de que era capaz de coisas tão docemente ordinárias.
Assim perdeu sua identidade onde, na verdade, nunca encontrou.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Sensibilidade

Eu fico assim, sem mais nem menos,
Sem grandes lamentações,
Sem grandes feitos pra comemorar.
Nada me fere ou faz feliz,
Eu fico nessa razão de não sei quê,
E não sei porque ainda existe "tanto" mês de setembro.

sábado, 18 de setembro de 2010

La distancia

Yo no me arrepiento de nada,
Y no hay nada más para contar.
Tus historias,
Mis cuentos ficticios para acercarte de mi.

Y desapareces como el viento,
Y reaparece como si nada...
Y ya no duele más.
Y ya no más...nada ..y mas nada de nada.

Así se mueren las ganas de tenerte cerca mio,
La edad, las experiencias, el norte, leste, oeste.
Los países, calles, capitales...
Y todo desaparece mientras tu rostro sigue ahí en el medio de todo que no dejo de 'vivir'.

Si no me muero en tuz brazos,
Si ya no espero la sorpresa de tu llegada,
En nada quiere decir que tus palabras no me tocan más
Si miento bien es para que no me destruyas más.

*no me destruyas más.

sábado, 11 de setembro de 2010

Hoje

Era ontem dia normal.
Forçoso, residual e de ordem incomum.
Dia distante do perigo e tão perto da luxuria.
Mas não me lembro à que se submetia.
Gosto quando os dias passam como chuva.
Sem gosto, sem ideais, sem tristeza.
Oh, como minha alma clama por um temporal!
Que molhe todas as flores secas.
Ontem mesmo, os vasos se partiram.
As flores cresceram de tamanha ternura.
Foi um dia de sol.
Hoje mesmo é um dia que vai ser ontem.
Faça chuva ou faça sol, vai passar.
Pra que eu diga que hoje é ontem novamente

A.A>

*Conheça mais sobre Alam Arezi em: http://cabecavoodoo.blogspot.com

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Punhal

E foi assim que ela deu cabo do que já não queria mais,
Depois de tantos desencontros...
Que originaram tantos outros encontros a mais.
O fim chegou para todos eles.

O amor de ontem, de hoje, de amanhã.
Que diferença faria agora
Se apenas sangue derramado ainda havia ali?
E tudo se misturou num rito de fim.

E foi assim que ela correu pra montanha,
Pra sentir a brisa da liberdade bater mais forte.
Sem remorsos nem rancores,
Sem punhal, sem mais amores.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Indiferença

As horas têm passado com tudo em seu lugar.
Com a falta que já não me fazes,
Com as noticias que já não me tocam mais.
Morrem no tempo a dor, as lembranças e o afeto.

Morreram. E desse funeral nem as cinzas ficaram.
É tão irônico como tudo desaparece deixando vestígios eternos.
Em outras galáxias, em outros vícios, em outras “mãos”...
O tempo lava tudo. A alma suja “del ayer”...

Me assaltam as lembranças....
Quantas vezes cometi o mesmo crime em nome de um sonho,
Que não passou de sonho?
E, ao acordar...aqui estamos em tão poucas peças, você e eu e mais NADA.

We are travellers, baby, on the road.
Nosso passado é tão irrelevante quanto a marca de cigarro que fumamos hoje.
Não fui clara. Eu não fumo. Eu tenho um coelho. Eu....esquece.
Então fica assim...amanhã só depois.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

De cama.

Segunda-feira e eu nunca formamos um belo par.
Eu cobro dela um dia sério e produtivo,
E ela cobra do meu corpo "all the weekend games".
Nossa relação tem se tornado um fardo pra mim.

Meu corpo aqui, de cama "is burning in hell".
Como se eu devesse me culpar por cada risada que dei,
Cada lugar que frequentei,
Cada copo que não recusei.

Cada movimento, um novo arrependimento.
Cada vez que o telefone toca,
Amaldiçôo Alexander Graham Bell mil vezes.
E, tudo dói...menos a consciência, essa devassa!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Ellerin ellerime

Nas mãos dela haviam tantos segredos,
Fechados com força,
Protegidos por tantos outros medos,
Não abria e nem estendia à ninguém.

E numa noite qualquer foi assaltada pelo desejo
De libertar-se de tudo que havia guardado,
Pois o peso agora lhe incomodava,
E não lhe permitia tocar outras mãos.

Algo tão natural no mundo dos normais,
Acreditava ela.
Mas à muito já havia perdido o fio da meada,
Ser normal era segredar qualquer descontrole.

Você se olha num espelho e se acredita
Imune ao tempo, aos julgamentos.
Mas quando abre as mãos sujas de particularidades,
Descobrirás que outras te saudarão em partida.


*ellerin ellerime (do turco "em tuas mãos")

sábado, 7 de agosto de 2010

Every little piece of pain

Lembro-me do dia nascendo cinza,
Das cores que eu não via mais,
Dos rostos sem expressão que me cumprimentavam,
Das árvores com tantas folhas secas.

Não era culpa da estação,
Não era culpa de nada e ninguém.
O dia não queria clarear
E eu não queria pular da janela.

Ambos ficamos alí, impassíveis, frágeis
O dia amanhacia sem cor, sem dor.
Amortecidos por tanto do que foi a noite,
Éramos vampiros pretendendo a mortalidade.

Alguém se despediu e desapareceu pra sempre,
Outros ficaram reunindo os restos do próprio desespero.
O dia amanhecia sem vida, cor, afeto, consideração.
E morria entre nós, sem despertar mais nada.

Em outros tempos éramos tão diferentes,
Não havia perigo nessas brincadeiras exageradas.
Mas o preço foi ficando mais caro a cada madrugada,
Amanheceu cinza e deixei uma música no "repeat"

Falou tanto de tantas coisas, que só naquela hora
Fizeram todo o sentido que a vida inteira não teve.
Assim, o dia cinza despertou em mim o pior dos desejos:
De ser eu mesma, doesse a quem pudesse doer...

Doeu em ti, não foi 'my darlig'?
Porque, por deveras razões já calamos tanto do que há em nós,
Que ao final deixamos de ser quem somos em nomes de outros mais.
E no final, amanhece cinza...sempre tão cinza.

*and we always live with every little piece of pain inside us.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Mr. Ego

O homem revestido de ego não presta atenção
Não percebe o que dizem pois só ouve a sí mesmo
Engorda porque come dando discursos
E só pára quando não tem mais platéia.

O homem e seu ego caminham imponentes
No exagerado exercício de fazer-se notado
Fala mais alto e se aprimora em novas piadas sarcáticas
Pois uma vez que arranca risos, será convidado outra vez.

Sabe que o mundo é mesmo um poço de carências
E se aproveita dele com maestria e algum despespero
Pois se ele vive nesse mundo...
Porque tão poucos percebem o quão mortal ele é?


O homem revestido de ego
É revestido porque quando apenas vestido morre de frio
O frio da solidão e da insegurança de todos os mortais
E sim, as vezes ele se percebe como tal.

Talvez você o conheça
Talvez...melhor do que ele mesmo
E talvez algum dia ele mesmo se conheça
Mas nesse dia, meu amigo, melhor que seja seu último dia.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Quando tudo está perdido

Quando está perdido,
Se perde mais um pouco.
A moral, meu irmão...a moral,
O que era certo ou errado?

O que mais se tem a perder?
Quando tudo está fora do lugar,
Gastemos o que sobrou,
Como se não houvesse amanhã...de tão incerto!

Perdidos estamos entre tantas pessoas,
Nessa grande cidade
Com tanto ao nosso redor,
Porque nos sentimos tão só?

E não resta mais nada,
Com quem contar,
O QUÊ contar...
Quanto tudo está perdido só resta a perdição!

Vem comigo agora, pois amanhã não serei mais assim,
Tudo muda e minha sorte também mudará,
Talvez você sobre como prêmio de consolo,
Talvez eu nunca mais precise de ti outra vez.

Quando tudo está perdido,
Que diferença faz frio ou calor, amor...
Nada, absolutamente nada, apenas observo...
Impune, imune, descrente, desacelerada...NADA!

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Santiago

Mirame en la cara, el pelo, las uñas
Mirame!
Asì como yo te miro a vos
Y no como a todos los desconocidos que ya he tocado.

Mirame, porque sè que es la ùltima ves
Y nos reìmos juntos pretendiendo cariño
Escucho palabras tiradas al nada
Para que el tiempo pase y nos entrenenemos por la mañana.

Esta mañana tan fria de Santiago
Las ojas caen por la calle contrastando con el sol
Me quedo mirandote partir sin mirar para tràs
Y entiendo en tan pocas palabras que vos ya no miras el ayer.

Y vuelvo a la tierra otra ves, sola
Voy para un club con mis nuevos amigos
Tengo una fiesta a mi lado y dentro mio solo tengo a vos
Y me voy de aqui buscando otro dolor que ocupes el espacio que dejaste.

Dejo para ''el ayer'' las preguntas que ya no hacen falta
Que el vacio en el que estoy pisando ahora
Me contesta como a un espejo
Callada seguirè mi camino, callando las palabras que tambièn ya no hacen falta.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

No hablè de las rosas.

Nunca te pedi ningùn amor
Si no un cuento de hadas sin la necesidad de que fuera verdad
Que las verdades ya me tienen harta!
Por eso...nunca te menti ningùn amor.

Busquè en vos una razòn para pasar el dia
Que es siempre el mismo cuando empieza y termina
Y las noches te olvidaba mientras tenia companias
Por que mis noches no son como las tuyas, siempre iguales.

No te pedì que me amaras y me resgastaras de mis miedos
Si no que me diera alguna atenciòn
Puès no aprendi a estar sola
Aùn que eso es como màs he estado mientras tengo tantas companias.

Y que te desaparezcas de mi vida sin prèvio aviso
Me hace pisar en un vacio que antes era una sonrisa
Cada palabra era un encanto que llenava la vida vacia
Pero nunca esperè amor como ahora espero a la muerte de tus encantos.

..then every flower dies.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

De perigosas seguranças...

Andava eu à margem de minhas esperanças,
Nessas que tantas vezes me agarrei com tanto afinco
Que cheguei a julgar viver no mais cruel dos mundos,
Quando delas tive de me desfazer.

E foi difícil chegar até aqui,
Sem ter um lado para o qual olhar
E sorrir cada vitória,
Ou lamentar cada fracasso.

De repente me vi à margem de mim mesma,
Eu caminhava só nos dias de chuva e sol,
Eu sorria pro espelho quando sentia desejo de compartilhar,
Ao meu redor só existem fantasmas desinteresados.

Eu alimentei sonhos ordinários,
Mas eles não eram tão ordinários assim,
Pois custaram minha alma, meu corpo e minha fé.
E esperanças não são certezas.

E ao ver-me de fora desse círculo de memórias embaralhadas,
Vejo-me vítima de uma inocência que nunca me soou real.
Eu me sinto só, mas só eu sempre estive...
Desde quando nascí, e assim partirei.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Las olas de ayer

Y como podés ver, las olas son iguales,
Pero los tiempos cambiaran...
Es que vos nunca entendés cuando todo pasa,
Ni porque las cosas pasaran...

Y ya no hace falta que pienses con tanto sentimiento,
Una ves que dejaste que lo mismo se fuera
Dentre fiestas, amigos inútiles y la goma rosa en la que vivíste.
Al final, nunca estuvimos juntos.

Y vos tenés la vida que buscastes,
No es mi ausénsia que te duele, y si mi desprecio.
Cada final es único, y el nuestro es lo que es.
El eterno regreso al NADA.

Todos los dias de ausencia ahora te duelen...
Nada siento si estás mal...NADA.
El gusto es lo mismo, los tiempos es que son distintos.
Y el eterno brillo también se apaga.

Agarrá, ahora, lo que te espera,
No cambies tu camino.
Hoy estás al lado de tus creyensas,
Yo estoy al lado de mi verdad.

sábado, 15 de maio de 2010

Liberdade

Não lhe preveniram sobre a dor,
Não lhe contaram que a liberdade cobra seu preço,
As vezes tão mais caro quanto a própria prisão!
E mesmo da prisão sentirias falta.

Da paz daquela prisão com dias e noites agendados.
Das certezas que moravam alí,
Das seguranças de que nada pior que aquilo existiria,
E que não havia perigos uma vez que a cela não fosse aberta à estranhos.
Mas a incerteza com a ousadia formaram um perigoso no par.

E naquela mente confusa e ousada,
A prisão foi violada dando boas vindas a uma incerta liberdade.
Tens em tuas mãos, agora, um mundo!
Eu guardo a chave da nossa prisão...mas eu sempre a guardei comigo.

domingo, 9 de maio de 2010

Türkçe

He asked me "why do you love Turkey so bad"?
Have you ever had a boyfriend in there,
Been in there....or felt in love for a turkish guy only?
No. No. No. Nothing like that.

When you like something is because you just like it
And nothing else.
You pretend, even to yourself, you know the reasons
Just to prove your sanity...but you don't.

When you like something...You just like and that's all
No more excuses, feelings are not racional
Never been in there, there's no boyfriend..
I like because I like, and that's all I can say... now.

"seni kendime sakladim"

quinta-feira, 6 de maio de 2010

How soon is now?

Então me encontro num corpo que, até então, desconhecia
Não se parece comigo, ou eu não sou mais eu
Fato é que de nada mais sei, apenas sinto
E metade de mim é partida, a outra metade me renega.

Sensações adolescentes tomaram conta da minha adulta sensatez
Mas o que é isso agora?
I think I'm going crazy, talvez tenha perdido as rédias de mim
But when you feel insane is cuz you're feeling ALIVE (???)

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Resumo da semana

Entrou, cambaleante, pela porta do bar
Era segunda-feira, 3hrs da manhã
Aquela praça não pára nunca
Algum rosto conhecido sempre está a procura de outro rosto idem.

Se desentendeu com alguns bêbamos
Já que nem entendia o que ainda fazia por lá
Deixou o bar rolando pela escada com um deles
Acordou no dia seguinte, ao lado da cama, atrasada, esfolada.

Não acreditava na ressaca e menos ainda em tantos hematomas
Cumpriu seus compromissos, monossilábica
No dia seguinte acreditou em reencarnação do demômio
Vinhos depois se trasnformou naquela pessoa detestável do outro dia.

Nem viu chegar a quarta-feira, mas ela estava lá
"Somebody save me, NOW" - pensou ela quando olhou no espelho do banheiro
Fez novos amigos num balcão da outra ponta da cidade
E na quinta cumpriu seus compromissos cheia de novas-velhas promessas.

E na sexta foi filmada no meio de várias bichas
Fazendo pole dance (?) de meia calça e soutien numa balada gay
A parte de que as peças não combinavam era mero detalhe
O que já não combinava alí eram seus limites.

Depois, só chegou em casa no domingo de madrugada
Refletindo, queria algum controle
Queria SER controlada. Queria mudar. Queria...
Mas aí chegou a segunda-feira e ela entendeu tudo:
Era melhor morrer de ressaca à morrer de tédio!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Every flower dies.

Todas as flores morrem, meu bem
Assim como morrem nossos princípios
Quando chegamos ao fim do poço
E o encanto se esvai...murcha e cai.

Assim como tu, meu príncipe encantado
Que encantou e morreu no próprio feitiço
Na sua poção que parecia eterna e não durou
À duras penas descobrimos que não passamos de duas farsas.

Duas almas penadas na noite escancarada
Ouvindo as músicas que nos remetem a nossa adolescência
Que inocência! De agora em diante...
Nos toleraremos para evitar o desconforto do ódio.

sábado, 24 de abril de 2010

Olhos verdes

Jurei e não cumprí
Teus belos olhos verdes sempre vencem
Mas beleza e amor não caminham juntos
Então tua beleza vai, e me leva contigo.

Tua beleza, minha perdição
Ela...não morre mais em minhas mãos
Olhos verdes, não te dói e não me dói mais
Somos indiferentes...a tanta gente.

Minha beleza machuca outros olhos
E os seus olhos VERDES estão LÁ, machucando os meus.
Intactos da crueldade que nossa realidade proporciona
E tudo morre entre nossos tempos.

E nunca houve AMOR
Nem meu, nem seu
Que não belas belas mentiras cansadas
Te minto ciúmes, tú me mentes carinho.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Toda beleza

Havia um gosto de orvalho na pele sedosa
Daqueles que viviam intensamente
As músicas, as modas, os beijos
A sensação da descoberta que era única

Saudosos os tempos em que o espelho
Era parcialmente cruel
E o martini tinha a doçura exata de uma época
Essa que o tempo levou embora com toda a beleza que havia

Belos rostos novos em velhas fotografias
De musas à mães gordas e infelizes
De musos à calvos insatisfeitos e brochas
Bela é a juventude, o resto é masoquismo!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Que me quereis, perpétuas saudades?

Que me quereis, perpétuas saudades?
Com que esperança inda me enganais?
Que o tempo que se vai não torna mais,
E se torna, não tornam as idades.

Razão é já, ó anos, que vos vades,
Porque estes tão ligeiros que passais,
Nem todos pera um gosto são iguais,
Nem sempre são conformes as vontades.

Aquilo a que já quis é tão mudado,
Que quase é outra cousa, porque os dias
Têm o primeiro gosto já danado.

Esperanças de novas alegrias
Não mas deixa a Fortuna e o Tempo errado,
Que do contentamento são espias.

(Luís Vaz de Camões)

sexta-feira, 16 de abril de 2010

relicário

de dias em dias a ferida reabre
sempre esteve lá, ela sente
não morre e não se mata
a covardia à mantém viva.

pois que outras forças haveriam
nesta que à anorexia da mágoa se entregou?
vive alí naquela meia-vida
entre os zumbís que insistem em lhe fazer companhia.

cada toque
um fardo pesado que se sente
cada gesto de afeto
a sensação de que lhe fogem as razões para sentir.

domingo, 11 de abril de 2010

Inverno

O frio entra cortante pela janela das memórias
Congela cada momento...
As plantas da esperança de outrora
As folhas de "insights" que dançam sem companhia.

O tempo mudou muito, não foi?
O frio pede companhia, calor...
Logo a árvore da vida se renova
E se prepara para voltar a morrer outra vez, passivamente.

Que palavras amargas restam na boca
Daquele que tanto recitou doces poemas
Que amava a brisa do mar e contemplava cada raio de sol?
Agora apenas na noite fria encontra refúgio.

Que paz contraditória conquistastes!
De gloriosas inverdades te cobre a cada inverno
Não passas mais frio, não passas mais nada
Pois não sentes e já não ves o tempo passar.

sábado, 27 de março de 2010

A mente.

Minha mente trama, ama, engana
Me trapaceia inconscientemente, indisciplinadamente
O corpo obedece, agradece, enobrece e esquece
A mente...a mente não mente.

O corpo insinua, simula
E na pele nua, vence
A carne extremece, logo a alma condena (...)
Profano é corpo! Esse pedaço de carne que não sente.

Insensível é o silêncio que se segue
A mente pausa e se convence do sono profundo
Profana é a mão que toca e depois se afasta
E na mente acorda o mundo, involuntarimamente.

quinta-feira, 11 de março de 2010

O cigarro.

Se levantou e deixou alí o último cigarro
E com ele, muito mais nas entrelinhas
Congelou no tempo aquele último sorriso
E as palavras que nunca foram ditas.

No último cigarro ficou a última lembrança
Nem boa nem ruim, apenas lembrança
De duas pessoas que já não seriam duas
E sim, aquele que fere e aquele que sai ferido.

Ninguém fumou aquele cigarro deixado
Ele, e outras lembranças espalhadas pelo chão
Voaram pela sacada e nunca mais foram vistos
E tudo voltou ao que sempre foi, ou não.

E vieram outros cigarros (...)
E com eles uma pergunta que incomodava:
A quanto tempo vinha fumando?
Desde quando não diferenciava o que chegava à sua mão.

Pois tudo virava cinza, se apagava
E na boca restava sempre aquele sabor amargo do final
Num dúbio despertar decidou abandonar vícios destrutivos
O cigarro, as paixões, a tolerância e a fé no próximo.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Nanismo

Eles apareceram tão grandes, a princípio
Mas no começo todo mundo parece grande
Todos são maiores que as expectativas
Mas depois vão diminuindo, diminuindo....

Porque vocês insistem em sofrer de nanismo?

domingo, 7 de março de 2010

A paz.

A frieza com que ela chega...
Seu impacto é um choque que leva ao esquecimento
Sem remorsos, ela lava o sangue derramado
Os vestígios se apagam como se jamais existiram

Ela parece a mentira mais bem contada
A âncora de um navio desgovernado
A razão que explica a sanidade e a demência
A droga que neutraliza os sentidos e o sentir.

Sem amor nem rancôr
Um vazio sem som, cor ou sombra
Não resta nada onde apenas indiferença existe
A PAZ é indiferente à qualquer passado.

quarta-feira, 3 de março de 2010

A espera

Ficava alí ouvindo música,
Fingindo que não percebia o tempo passando
Disfarçando a angústia, e a sensação de não pertencer
Á ninguém, se não à mim mesma, menina mimada.

Não aprendi a esperar desde que entendi
Que toda espera é uma forma de tortura sem precedentes
É o descaso de quem se faz esperar
E se as horas passam, elas dizem mais que palavras.

Ficava alí roendo as unhas,
Desbotando o esmalte e borrando o batom
Sentindo a maquiagem descendo quente pelo rosto
Ficando feia e esperando um milagre que me tirasse dalí.

A espera foi tão longa que cansou toda a beleza
Cansou toda a polidez, cansou o corpo e a razão
A longa espera roubou as grandes esperanças
E com elas, a inocência necessária para esperar outra vez.

Feras

Tudo um dia acaba, amor, ódio, ciúme
Os odores, os rancôres, as boas intenções
E como feras domadas aprendemos alguns comandos
Mas o perigo e o descontrole moram alí...na essência.

Disfarçamos tão bem nossas sensibilidades
Que nos tornamos vítimas dos nossos próprios personagens
Ora passivos, ora amendrontadores, ora insignificantes
Nos amamos à medida que nos apedrejamos.

E seria pouco dizer que nosso cinismo é tão real
Quanto todas as promessas que não tencionamos cumprir
Mas no decorrer dos dias tudo isso perde seu impacto, fato
Somos feras com o dom das palavras, e são elas que ferem mais.

segunda-feira, 1 de março de 2010

flash back

você mora na estante empoeirada do passado
meus amigos já esqueceram do teu nome
nossa imagem nunca mais foi associada
e eu não tenho mais notícias suas.

não vivemos no mesmo mundo e até sinto
que nunca dividimos qualquer assunto comum
não nos conhecemos mais e isso nem tem relevância
mas hoje, foi apenas hoje, me assaltou um flash back.

acordei dentro de um sonho real demais
tive a opressiva sensação de presença
senti estranheza, dúvida e algum medo inconfessável
o nome disso é carência ou recaída?

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Na mesa dos perdedores

Corações partidos numa noite escura e fria,
Eles riem e brindam seus fracassos
Como se ninguém soubesse do que se trata
Eles se vangloriam das batalhas que não venceram.

Na medida que entra o àlcool e o pó, todos crescem
Ficaram ricos, bem dotados e partiram corações,
Pobres fantasmas de si mesmos
No dia seguinte voltarão aos seus postos de perdedores.

Entre um tango e outro, ouço Pola Negri, ironicamente
Cantando "keep smilling my dear, keep smilling"
Também é irônica minha sensação de que ninguém é o que gostaria de ser
Nem ela que era polonesa, foi atriz "alemã" e morreu no Texas, quase americana.

Quanta farsa em uma única noite,
Do fundo musical da mulher que casou com um galã homossexual
À esses acabados que contam vantagens porque beberam demais
Peço mais um drink e desejo não terminar assim.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Uma noite no bordel

Belladonna atendia seus clientes
Com o sorriso da vitória em seus olhos
Não se sentia usada ou ultrajada em seu ofício
Sentia-se plena em suas escolhas, verdadeira.

Dos tempos em que dava amor sem pedir nada em troca
Aos atuais tempos onde vende ilusões de alto custo
Agora ela se sente vingada de todos aqueles
A quem dedicou tanto de sua beleza e juventude.

De moça de princípios a falsa loura num bordel
Belladonna ainda era mais bela por sua frieza
Pois a crueldade também é bela
Percebeu em sua beleza um repelente de boas intenções.

Hoje havia um mundo à seus pés
Amanhã caía o mesmo sobre sua cabeça
Tudo era tão inconstante que questionar já não fazia sentido
Passar o tempo negociando sua beleza por "una dolce vita" era melhor.

Não dormia antes de amanhecer
Pois é na noite que as boas mentiras são contadas
Se habituou a ouvir, e aprendeu a contar tantas outras
Não sentia culpa nem desprezo, tampouco amor a sí mesma.

O bordel lhe parecia um lugar justo
Onde velhos clichés eram dispensados
Milagres não eram esperados onde esperanças não haviam
E entre aquelas almas sorridentes, só havia uma única diferença: quem pagava e quem recebia.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Fotografias

Hoje reví tantas de nossas fotografias
E entendi que somos nossos mais cruéis carrascos
E que matamos sempre o que mais amamos
Que sepultamos o que de mais lindo já existiu.

E por lados separados criamos novas fantasias
Aquelas que não vão durar, passam num piscar de olhos
E que serão esquecidas quando lembrarmos de nós mesmos
Jamais dispensaremos o mesmo olhar para situações substitutas.

Acompanhamos nossas vidas como uma novela 'underground',
Pessoas vêm e vão, nos divertimos e ninguém ficou
Mas que diferença isso faz?
No fundo todas aquelas forças já não existem mais, tudo cansa.

Pois, parece que levastes de mim a capacidade para amar
E deixastes em seu lugar, a capacidade para esquecer.
Com o tempo acostumamos às nossas ausências,
E com o tempo qualquer ausência deixa ser sentida...em muito pouco tempo.

O silêncio

O silêncio corta, é sádico
Te fala das coisas que teus ouvidos foram poupados
O silêncio é a calma mais angustiante
É o som mais incompreensível de todas as obras.

O silêncio é o encontro entre o Deus e o Demônio interior
É a arma do sábio e o merecimento do tolo
Só o silêncio machuca sem a necessidade de qualquer contato
É o invisível castigo que se sente e até se vê (...)

O silêncio é também o desprezo pelas perguntas que ficaram
Perdidas no tempo, o silêncio mata qualquer tempo
O silêncio é o nosso amigo mais fiel
E sabe mais do que sempre saberemos um do outro.

O silêncio é o grito dos covardes e a honra do justo
Contraditório é o silêncio de cada um de nós
O mergulho profundo nos mais negros mares da memória
O silêncio é o resumo do desinteresse nas coisas que só o silêncio poderia explicar.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Avec le temps (com o tempo)

Com o tempo
Com o tempo, vai, tudo vai embora
Nós esquecemos a face e a voz
O coração, quando bate mais depressa, não é mais pela
dor da partida
E descobrimos mais adiante que se você não se importar
e deixar como está, tudo irá bem

com o tempo
Com o tempo, vai, tudo vai embora

Aqueles que nós amamos, que nós procuramos debaixo da
chuva
Aqueles que nós reconheciamos só com um olhar
Entre palavras, entre linhas, e debaixo da maquiagem
Como um juramento escondido que foi adormecido
Com o tempo, tudo desaparece

Com o tempo
Com o tempo, vai, tudo vai embora
Até as mais maravilhosas memorias,até aquelas
No corredor eu imaginei nos raios da morte
Sabado a noite, quando a bondade está completamente
sozinha, por conta propria

Com o tempo
Com o tempo, vai, tudo vai embora
Aquele por quem nós choramos, serviu só para nos dar
dores de cabeça,e para mais nada.
E aquele que nós demos fôlego e jóias
E vendemos nossa alma, por somente alguns centavos
Por aqueles que nós sofremos,como cães
Com o tempo,vai, tudo vai embora

(Léo Ferré, 1972)

*a letra que eu gostaria de ter escrito.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O coração.

"o coração endurece, sem se perceber.
ano após ano, vamos vivendo,
experimentando, pagando o preço,
sorrindo, fingindo, acreditando.

o coração endurece, é inevitável.
nada volta a ser igual,
não existem dois começos para a mesma história,
não se apaga o que foi feito.

o coração...apenas endurece.
onde tantas pedras foram atiradas,
uma montanha do mesmo material se formou.
foi inevitável. também foi nescessário".

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Ela (...)

Ela sofre, sofre mais que o sofrimento,
Sofre além do sentido da palavra,
E tenta, com egocêntrico desespero,
Dar sentido às suas próprias palavras, tão amargas.

A amargura é toda dela, ninguém a quer,
Ninguém além dessa bela mulher afetada
Pelas sensações que não pode evitar.
É infeliz, possessiva e quase demente.

Seus talentos lhe safam de seus defeitos,
Resta aos seus queridos os chiliques da eterna insatisfação.
Ela que sabe tanto, ainda não sabe o que quer, ou mesmo se quer...
Só precisa de pessoas que suportem tamanhas variações de humor.

E, como a vida é mesmo um poço de incompreensão,
Não há sentido no que se testemunha a seguir:
Ela mantém todos a quem deseja ao seu redor,
Servindo-lhes de tapete, numa escravidão voluntária.

A amargura é só dela, a frustração é toda minha.
E ela sofre levando a vantagem no que faltou à mim,
Quão irônico é tudo isso, é patético.
Quem me escolheu pra esse papel?

E lá vai ela, linda e triste,
Sofrendo o sofrimento que não é de mais ninguém.
À escrever seus textinhos de cortar pulsos e corações.
Ela tem seu "feedback", eu desconfio que sou menos infeliz que ela.

Resistansen

Vamos brincar de roleta russa,
Um revólver falsificado, um rosto novo.
Vodka na mesa, pessoas sorrindo,
Encenando uma frágil satisfação.

Meus estranhos se tornaram familiares,
Mas eu nunca os conhecí,
Nunca reconhocí qualquer gesto ultrapassado
Que não faz de mim vítima ou mera circunstância.

Eu não jogo mais nesse jogo...
Alguém perdeu, alguém levou embora a recompensa.
Mas, chamemos novos parceiros à mesa,
É divertido, sempre foi assim, não é?

Vamos brindar àqueles que não resistiram,
Aqueles que virão, inocentementes à essa mesa.
Atraídos pelos nossos belos sorrisos, sucumbirão.
É o charme que nunca morre.

Talvez eu esteja prestes a abandonar velhos hábitos,
E apostar que consigo ser capaz disso e mais.
Me apavora a idéia de compartir, outra vez,
Uma roleta russa com velhos comparsas, já mortos em mim.



"Og dei som ikkje klarer å stå distansen
dei kan ikkje vær medlem av resistansen,
Halleluja.." (Kaizers Orchestra)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Amor ...

Meu amor, pensei em sofrer por ti,
Me trancar num quarto escuro,
Relembrar nossos maravilhosos momentos
E sofrer mais e mais.

Ver o mundo sentindo pena de mim
Enquanto me pergunto, quando tudo começou a dar errado?
Beber, lamentar e ficar feia por falta de amor próprio.
Além de recontar a história a cada um que se aproxima.

Meu amor, amor não há.
Todo fim já me pareceu o mais dolorido,
Mas era apenas o mais atual, a dor presente.
Amar e sofrer deu trabalho, vou alí me distrair.

Hoje é você, ontem foi ele, amanhã será outro.
Por isso, vou ouvir musica turca e fazer planos,
Dos lugares que quero conhecer e, como vou chegar lá.
E no meio do caminho, novas paisagens apagam velhas memórias.

Perdas

Quando a noite cai, alguém entra em mim.
Muda meus planos bons por outros insanos,
Eu não paro aqui nem alí
E todo mundo parece tão interessante.

O chão é o limite pra quem tem os pés nele,
Onde eu estava quando minha dignidade fugiu
Entre desconhecidos, bêbados e alpinistas sociais?
Ainda procuro meus pedaços...

E lá se foi o cabelo, a maquiagem e os bons modos.
Falei várias línguas, beijei bocas sem rosto,
Pois não lembro o que não deixou marcas,
Meus joelhos, hematomas, minha boca inchada, cheiro de quem?

Acordo num lugar que não reconheço como meu,
Me assusto com o espelho, minha cabeça explode.
Faço promessas e sinto um desejo doentio de desaparecer.
Eu odeio tudo isso, mas por um tempo não lembrei de você.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

por Pablo Neruda.

Já não se encantarão os meus olhos nos teus olhos,
já não se adoçará junto a ti a minha dor.

Mas para onde vá levarei o teu olhar
e para onde caminhes levarás a minha dor.

Fui teu, foste minha. O que mais? Juntos fizemos
uma curva na rota por onde o amor passou.

Fui teu, foste minha. Tu serás daquele que te ame,
daquele que corte na tua chácara o que semeei eu.

Vou-me embora. Estou triste: mas sempre estou triste.
Venho dos teus braços. Não sei para onde vou.

...Do teu coração me diz adeus uma criança.
E eu lhe digo adeus.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

La chanson de l'adieu.

Je t'adore, comme je ne peux pas de oublier,
Aussi te nécessite quand les voix se sont tues.
Et comme la nuit que s'évanouit,
On oublie le visage, le plus belle visage...

Je peux toucher cette chanson de l'amour à la ferme,
Et dans les rayons d'la mort,
Tout ces gestes faits et refaits n'existent pas.
Tu sais je vais t'aimer...aussi t'abandoner.

http://www.youtube.com/watch?v=5jVLW-2PYR0

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

insanidade.

"essa loucura está me enlouquecendo,
volto, vou embora, não quero e
cada vez quero mais.
você me entende, te entende?

acendo um cigarro e faço planos,
você está fora de mim,
de tudo que eu acredito ser bom,
fora! mas porque você não sai?

eu não confio em você,
mas também não confio em mim.
a espera prolonga o meu medo,
de não manter a devida distância de ti"

Chove, cidade!

Nessa cidade só chove!
São Paulo, cidade da garoa,
Agora evoluiu para alagamento,
Pela regressão de seu povo, claro.

No alto do meu prédio pouco me afeta,
É privilégio do cimento.
Pessoas discutem a culpa dessa rebelião natural,
Mas não olham no espelho.

Mas a água também serve como espelho,
Se olhar pra baixo vai se ver, nitidamente.
E como vão as coisas por aqui,
Nos veremos misturados ao nosso próprio lixo.

E a mãe natureza virou madrasta,
Devolvendo cada desrespeito fútil
Que já a fizemos aceitar calada.
Agora, mes amis, recorram ao Pai!

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Ouve essa música!

Havia um gosto de orvalho derretido
Por entre os parreirais,
Onde as crianças brincavam de adultas,
Com a inocência de pequenos anjos.

Ao fundo tocava uma música numa língua estranha,
E que alguém viria a entender mais tarde.
Era uma voz doce, dessas que queremos
Ouvir sempre que estamos sensíveis.

Alguém pediu silêncio para ouví-la,
Todos calaram e retomaram suas brincadeiras em silêncio:
"A love like ours could never die as long as I have you near me"...
E caiu a noite, e foram-se os anos.

Das brincadeiras na fazenda à escola na cidade,
De um país a outro, e de tantas outras músicas,
Dos amigos, do truco nos bares da frente da escola,
De Beatles à Nirvana, e foi aí que deixamos de ser crianças (...)

*a inocência é a única pedra bruta, que depois de moldada,
perde seu brilho e a capacidade de se tornar uma jóia.

sábado, 9 de janeiro de 2010

O tolo e seu infortúnio.

Você, nunca te proferí palavras de amor,
Apenas bons momentos para que guardes e penses em mim
Dia e noite, faça sol ou faça chuva,
E me renda homenagens que me relembrem o quanto sou "talentosa".

Mas algo em ti não te deixa ver a verdade
Por trás de cada gesto ensaiado de afeto,
Que recebe desta que vai embora e nem lembra do que passou,
Pois se ocupa do que realmente importa e não te foi mencionado.

E assim, com a certeza de que acertou
Cometes teu grande erro, pobre rapaz.
Iludido por tua vaidade e cegado por tua pouca experiência
Desafia minha sensibilidade, que não te pertence.

Assim vais pagar pela ignorância daquelas
Falsas seguranças que te mantém sorrindo ao acaso.
E enquanto lamentas, me fazes gargalhar alto
Com meus amigos, pois eles sabem do que jamais te contaria.

E, talvez em base às minhas mentiras,
Criei um monstro tolo capaz de acreditar que me pode ferir.
Mas, você e tantos outros, qual a diferença?
Mais uma piada que perdeu a graça por demais contada.

E não há rancôr onde nunca existiu sentimento.
Meu pequeno coração é um território à muito ocupado.
Ele recebe turistas com a cara de cartão postal,
Há prazo de permanência, e a estadia é terminantemente NEGADA.