quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Compaixão

Estendes a tua mão até minha face,
Enxuga-me, e afaga-me
Com tua infinita compaixão,
Meu rosto que agora se desfigura perante cada palavra tua.

E agora, aos solavancos psíquicos,
Me perco entre o ontem e o nunca mais.
Aceito agora que já não fazes parte de mim,
Aceito o medo de perder-te como fato concreto.

Em teus fortes abraços sinto que jamais voltarás,
E talvez nunca fostes,
Na plenitude tão meu quanto eu fui tua.
Em teus braços meu desespero é maior que a razão.

E já te vais,
Eu enlouqueço serenamente...
Enquanto dizes que me quer bem,
Eu te digo para que vivas tua verdade.

Téns meu rosto quente em tuas mãos frias,
Mencionas minha beleza (com honras),
Defendes que o nosso tempo (que agora desprezas),
Foi belo, necessário, e foi também real.

E eu te pergunto:
Em qual verdade fomos capazes de viver?
Toma-me em teus braços e confessas outra paixão,
Beija meus cabelos e estendes tua mão sobre a minha.

Minha mente já cansada
Se vê remetida aos dias que pareciam incontáveis.
Se sabes dos infernos que existem dentro de cada um de nós,
Então, o que pretendes com tua compaixão?

Deixe-me só.