quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Cartas rasgadas

Espero que estejas mesmo feliz,
Depois da veemência com que proclamastes nosso fim.
Que em nenhum momento te deixes abater pela dúvida
Do que parece certo aos olhos, e mentes ao coração.

Espero que estejas feliz,
Tão oposto do que estou hoje.
E que tuas palavras de consolo sejam friamente reais
Quando me desejastes a felicidade longe dos teus olhos.

Que sejas infinitamente feliz
Na tua certeza de trocar meu coração doentio
Pela doçura daquele incapaz de ferir-te,
Incapaz de escravizar-te por inseguranças que não sabes domar.

Pois a mim nada mais resta
Que não desejar-te o bem,
A fortuna e o milagre da vida,
A fé que nunca fui capaz de ter, mas tens de sobra.

Que nossos caminhos, agora separados
Cada vez mais distantes se façam.
Para que eu encontre em outros mundos
A distração, quase inocente, que um dia me aprisionou ao teu.