domingo, 22 de março de 2009

Cobra Cascavel

Nasceu indefesa mas ninguém quis dar à ela
O fim que uma cobra merece (segundo caçadores).
Foi crescendo sob a proteção de uma mulher
Amargurada pela vida, traída.

Se tornou bela, grande, saudável.
Nem parecia uma cobra pois mal viveu em seu habitat natural.
Recebia e, retribuia carinhos na mesma proporção.
Graciosa, encantava tantos aos camponeses ignorantes
Quanto aos moderninhos da cidade que queriam exibir tal exótica companhia.

Logo se tornou celebridade por onde passava.
Adorava tanta atenção e, sem que percebessem
Ela ia atraindo todos para sua grande, bela e fatal boca.
Parecia sempre inocente ao receber um olhar qualquer.

Mas, como era cobra, ainda que domesticada
Sua essência pulsou mais forte sem que ela mesma a desejasse.
E, com seu timbre agradável de 19 sinos,
Logo começou a atrair para seu leito suas vítimas.
Homens, mulheres. Um a um foram envenenados.

E, os anos foram passando e, ela perdoava a sí mesma do mal que causava.
Já sozinha, vivia de mil contos fabulosos e suspeitos.
Porém encantadora serpente, salvava sua pele todos os dias com destreza única.
No fundo não se sentia diferente do mundo que a acolhia ou, não acreditava ser cobra.
Num dia acordou e, se deparou com uma bela mulher.
Achou graça mas, quando entendeu ser aquela sua figura no espelho, chorou.

Se sentiu vítima da própria natureza,
Não entendeu porque foi acolhida, amada e, ao mesmo tempo enganada.
Durante tanto tempo sentiu segurança onde não havia,
Não passava de objeto de caça e, seu encanto era o que mais atraía todo
O mal de uma raça, a humana. O que ela se tornou.
E, na terrível constatação, não tinha a quem vingar.
Apenas lamentou inconsolável, não suas vítimas mas, ao roubo de si mesma.

domingo, 15 de março de 2009

A morte.

A morte é o recomeço.
Morte é colorida, multifacetada.
Tu conhece a morte?

Eu conheço algumas,
Morte dos princípios, da surpresa
Morte da honra, da própria boca.
Aquela que tanto fala sobre "lealdade"
E, logo morre pela própria nescessidade.

Seca porém, latente de vida zumbi.
A morte se faz amiga daqueles que cansaram
De fingir que ainda estão vivos.
De ver morrer em vida tantos sorrisos.

A morte é o meu ontem,
Pois algo em mim morreu ao dar-me conta
De que vivo na companhia de fantasmas.
Outrora, em momentos mais felizes tanto amei.
Agora jaz com tudo que já cultivei,
Cada sorriso falso em caras tão conhecidas.

A morte da amizade é triste,
Morte do amor puro, inocente...
Sonhos que morreram adormecidos
Do cansaço, a morte se fez presente.

Matei em mim aquela menina do campo,
Munida de belos planos e, cadernos.
Para dar vida a tantos vampiros urbanos,
E, logo desceu ao inferno...

Hoje suga sangue, morta-viva.
Não sente pois, morta já está.
E quantas punhaladas foram preciso!!!
...custou a morrer por não querer acreditar,
Que pouco a pouco, era seu sangue à alimentar
Tanta ganância e, desperdício
De uma vida que nunca encontrou um lar.

*para meus amigos/fantasmas que só na noite encontro, não mais me assustam pois, já me acostumei e, agora posso sentí-los mais invisíveis do que nunca, mesmo sendo eu, mais "uma" de vocês.

sábado, 14 de março de 2009

Ciúme

O ciúme nasce da ausência, da incerteza.
Sei que acreditas ser melhor assim,
Me poupando de sua natureza.
Se morasse dentro de mim
Sentiria o quanto dói a punhalada
De tamanha gentiliza.


Não me poupa como acredita,
Não mais que me fere ainda mais
Mas, como é tudo confuso e inevitável
Tento apenas não olhar para trás.
E, quando estás comigo esqueço todo o mal que isso me faz.


Se soubesse o quanto de minha dependência vital
Mora na sua atenção dispensada
Talvez fugisse ou, me amaria eternamente.


O ciúme me descontrola
Me sinto louca, perversa, te odeio!
Logo me desarma em tão poucas palavras.
Essas que eu sei que divido com tantas outras...(eu sei)

Melhor que nunca mude,
Mal sabe o quanto gosto que sejas assim.
Quero tudo da maneira mais fatal e,
Talvez eu nunca admita mas...
Tu só pode me fazer bem quando me faz o mal.

domingo, 8 de março de 2009

Boca do Lixo

Cansei de dançar, de beber,
De trepar, de cheirar.
Cansei de você!

E como diria o Zé do caixão:
Você, você e todos vocês!
Cansei de sorrir,
E fingir que estou gostando.

Cansei de punheteiros,
De amores não correspondidos,
De fazer caridade a quem me deseja.
Quero minha parte em cerveja.

Cansei de ser bonita, de pintar o cabelo
De fazer as unhas, usar maquiagem, ser sexy
E, ter a obrigação de ser gentil porque recebo elogios!!??
Eu não quero agradecer, agradeça minha mãe!

Cansei de amigas que brigam por pau,
De amigos que querem me comer.
Não me tire o direito de reclamar, desdenhar
Só porque tenho tantos homens pra eu escolher.

Não achei minha buceta no lixo e,
Se tu não tem dó da sua, nada tenho com isso!
Cansei de noites mal dormidas,
Pessoas neuróticas, crianças desinibidas (...)

Cansei do cansaço que é repetir os mesmos atos,
Ouvir as mesmas conversas fúteis.
Ir aos mesmos lugares e, me juntar
À tantas pessoas INÚTEIS.

Porque no fim,
A ressaca é MINHA.
Química ou, moral
Ela continua sendo minha e, dela também cansei!

quinta-feira, 5 de março de 2009

Do esquecimento presente.

Hoje me lembrei de coisas esquecidas,
Fui esquecendo aos poucos
Das grandes lembranças
Daquelas que me faziam tão bem...

Mas, a adpatação chega
Em algum momento ela chega sem avisar,
Não percebemos e, quando nos damos por sí
Nos adaptamos ao momento.

No meu atual momento
Sinto que me acostumei ao esquecimento.
Adormeceu em mim tantas partes
Que me sinto desconstruída.

Por tanto, lembro que esqueci algo.
É tão presente mas, já nem sei o que é.
Talvez alguém possa me refrescar a memória
Ou, melhor; deixo tudo no passado e,
Ele que se encarregue de guardar o que já não faz parte de mim.

segunda-feira, 2 de março de 2009

L'art du mal

Hoje não sinto mais do que rancôr,
Mágoa, ódio, desespero...
Não posso mais do que rir e,
Lamentar.
Aquele riso dolorido, entre os dentes
Disfarçando uma emoção duvidosa.

Quando me encontro em mesas de bar,
Como daqui a pouco.
Já sei que máscara usar.
Mas, até mesmo a máscara (que tanto já fiz questão de usar) pesa.
Mal consigo carregá-la.

O ódio se tornou parte de mim,
Não me vejo sem esse rancôr que tanto me acompanhou
Nesses últimos meses, quase 1 ano.
Como se eu precisasse disso mais do que
Meus alimentos integrais.

O que me mantém jovem, viva
Nada mais é do que a dor,
Acompanhada da sede de vingança.
Que digam o que quiserem, riam, façam piadas.
Nada vai mudar. Nada pretendo compartir.

E, no meu egoísmo até mesmo a dor é só minha,
Tão minha que não me separo, não a divido.
Mais que nunca, a necessito.
Pois dela extraio a força para punir-me
De tudo que fiz para afastar-te de mim.


*Todo mal é uma arte
Que requer mais arte
Para sobreviver dessa arte.