quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Ela (...)

Ela sofre, sofre mais que o sofrimento,
Sofre além do sentido da palavra,
E tenta, com egocêntrico desespero,
Dar sentido às suas próprias palavras, tão amargas.

A amargura é toda dela, ninguém a quer,
Ninguém além dessa bela mulher afetada
Pelas sensações que não pode evitar.
É infeliz, possessiva e quase demente.

Seus talentos lhe safam de seus defeitos,
Resta aos seus queridos os chiliques da eterna insatisfação.
Ela que sabe tanto, ainda não sabe o que quer, ou mesmo se quer...
Só precisa de pessoas que suportem tamanhas variações de humor.

E, como a vida é mesmo um poço de incompreensão,
Não há sentido no que se testemunha a seguir:
Ela mantém todos a quem deseja ao seu redor,
Servindo-lhes de tapete, numa escravidão voluntária.

A amargura é só dela, a frustração é toda minha.
E ela sofre levando a vantagem no que faltou à mim,
Quão irônico é tudo isso, é patético.
Quem me escolheu pra esse papel?

E lá vai ela, linda e triste,
Sofrendo o sofrimento que não é de mais ninguém.
À escrever seus textinhos de cortar pulsos e corações.
Ela tem seu "feedback", eu desconfio que sou menos infeliz que ela.