quinta-feira, 11 de março de 2010

O cigarro.

Se levantou e deixou alí o último cigarro
E com ele, muito mais nas entrelinhas
Congelou no tempo aquele último sorriso
E as palavras que nunca foram ditas.

No último cigarro ficou a última lembrança
Nem boa nem ruim, apenas lembrança
De duas pessoas que já não seriam duas
E sim, aquele que fere e aquele que sai ferido.

Ninguém fumou aquele cigarro deixado
Ele, e outras lembranças espalhadas pelo chão
Voaram pela sacada e nunca mais foram vistos
E tudo voltou ao que sempre foi, ou não.

E vieram outros cigarros (...)
E com eles uma pergunta que incomodava:
A quanto tempo vinha fumando?
Desde quando não diferenciava o que chegava à sua mão.

Pois tudo virava cinza, se apagava
E na boca restava sempre aquele sabor amargo do final
Num dúbio despertar decidou abandonar vícios destrutivos
O cigarro, as paixões, a tolerância e a fé no próximo.