sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A garota vulnerável

Ela esteve a sempre a procura,
Nem sabia exatamente de que,
Mas nunca parou pra perguntar a si mesma
O que tanto lhe fazia falta.

Queria ele, e ao lado dele queria o outro.
E tudo se complicava cada vez mais,
Pois uma vez ao lado do outro
Preferia sofrer por quem deixou pra trás.

Assim encontrava o sofrimento necessário
Para transformar sua vida numa verdadeira obra da sétima arte.
Conseguia reunir todos os clichês do amor platônico,
A dor causada por todas as vezes que se fazia abandonar.

Uma vida boêmia acrescida de péssima fama,
Alguma depressão pra dar um charme a sua vida deveras divertida.
Também alguma culpa vaga
Que servisse pra resistir a tentação de acordar em tantas camas, sorrindo.

Um dia ela cansou de ser ela mesma e fugiu,
Em outro país levou uma vida absolutamente oposta,
Amou, foi feliz, cuidou de um jardim e planejou uma família.
Logo desapareceu, obedecendo a sua vulnerabilidade.

Poderia uma essência ser vulnerável?
Ou essência é aquilo que nasce conosco e morre na mesma proposta.
Ela passou a duvidar de que era capaz de coisas tão docemente ordinárias.
Assim perdeu sua identidade onde, na verdade, nunca encontrou.